Com a crise provocada pela pandemia do coronavírus (Covid-19), o mundo se vê forçado a rever práticas de consumo e convívio social. Um dos debates está ao redor do futuro dos estacionamentos, que segundo previsões de especialistas, serão espaços com mais pessoas e menos carros.

Não é novidade pensar em cidades mais amigáveis para as pessoas. O planejamento urbano vem passando por reestruturação, na busca por soluções para a crise ambiental e maior qualidade de vida dos moradores.

Com outros meios de transporte em ascensão, como patinetes e bicicletas, os veículos motorizados vão perdendo espaço. Além disso, um ponto a ser avaliado é que caronas e carros autônomos fazem com que estacionamentos percam clientes.

As mudanças podem trazer ameaças, mas também inúmeras oportunidades para os empreendedores do segmento. Confira:

Cidade para pessoas

O principal modelo de gestão que alinha as duas principais questões surgiu do arquiteto e urbanista Jan Gehl, que desde meados de 1960 propõe ideias inovadoras de planejamento urbano. Defensor de menor circulação de carros, foi a partir de seu projeto que Copenhague, capital da Dinamarca, se tornou referência quando o assunto é a “humanização” das cidades.

O conceito de 12 critérios, que já foi consultado para implementação em São Paulo e Rio de Janeiro, se baseia em criar maior interação entre pessoas e espaços públicos, incluindo áreas verdes. Incentivando caminhadas a partir de um design bem elaborado, Gehl acredita que as bolhas sociais poderiam ser furadas, tornando as cidades mais inclusivas, experimentais e seguras.

Um dos principais desafios é acabar com os congestionamentos. Segundo o arquiteto, a locomoção acaba sendo um grande problema para os centros urbanos, seja pela falta de calçadas em boas condições, ciclovias, uma ampla malha de transporte público ou pelo movimento intenso de carros.

Acessibilidade é algo universal. Quanto mais é aplicada, menos estressada e desigual é a população. Tendo maior conexão entre si, seus arredores e a natureza, os cidadãos poderiam construir juntos uma sociedade mais harmoniosa.

Reaproveitando as vagas

Faz pelo menos cinco anos que o debate sobre a função dos estacionamentos e garagens começou a acontecer. A disponibilidade de vagas é necessária nas metrópoles, porém nos moldes atuais, acaba contribuindo com a motorização, consequentemente indo na contramão do conceito de ‘cidades para pessoas’.

Acontece que com a pandemia houve a necessidade de adaptações de espaços que respeitem o distanciamento humano e o aumento da demanda de áreas ao ar livre. Na Europa, onde muitos países decretaram o fim do isolamento social e reabriram os comércios para se adaptar ao “novo normal”, alguns exemplos começam a surgir.

Bares, restaurantes e cafés em Paris foram autorizados a utilizar vias públicas para abrigar mesas. O fechamento de ruas para veículos também já começou a ser implementado em Madri (Espanha), Bethesda, Tampa e Chicago (EUA).

O plano de metas de Londres, que vai até 2029, propõe a redução de estacionamentos como medida para conter a poluição do ar, propondo a abertura de zonas de circulação livre de pessoas e ciclofaixas.

Com ideias inovadoras é possível mudar o rumo dos estacionamentos independente do tamanho disponível. Abaixo você encontra alguns exemplos bem legais para colocar em prática:

1- Parklets: algumas vagas em vias públicas se transformaram em parklets, que seria como a extensão da calçada. A estrutura que pode conter mesas, bancos, canteiros de flores e suporte para bicicleta, é como uma pequena área de lazer e convívio urbano, mas também vem sendo apropriada por bares e restaurantes. Em São Paulo há 32 parklets públicos espalhados pelo município, licenciados pela Prefeitura.

vagas de estacionamentos na rua cidade para pessoas

2 – Parques: em Los Angeles, o projeto 50 Parks Initiative transformou terrenos baldios e estacionamentos em áreas de lazer que contribuem com a qualidade de vida da população. O Spring Street Park é um bom exemplo de como reaproveitar a zona que antes era destinada a guardar carros, contando agora com playground, gramado, pista de caminhada e bancos.

3 – Cinemas: no meio do isolamento social, resgataram os drive-ins do passado. Saudosistas agora podem curtir um cinema ao ar livre em diversas cidades ao redor do mundo, como São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York. Alguns estacionamentos também montaram um pequeno palco para shows, no qual o público não precisa sair do carro. A Veloe apoiará dois cinemas drive-in de São Paulo, de junho a agosto. Os projetos patrocinados serão a Arena Sessions, do Allianz Parque, e o Cinesystem. A iniciativa permite a retomada gradual da rotina e abertura ao compartilhamento de novos momentos, alinhados às recomendações de distanciamento social, sendo uma forma mais segura para o lazer fora de casa.

4 – Quadras poliesportivas: outro uso interessante para estacionamentos é transformá-los em quadras poliesportivas. O arquiteto Sergio Lopez-Pineiro, de Nova York, propõe em seu projeto uma instalação esportiva, incluindo quadras de tênis e pistas de corrida, onde havia uma garagem.

5 – Food Park: os trailers de comida ainda podem ser uma boa solução para tornar o estacionamento rentável e ao mesmo tempo ser uma área de convívio social. Os food parks também ocupam garagens, postos de gasolina desativados e terrenos baldios.

6 – Dark Kitchen: o conceito de dark kitchen está em expansão e pode ser criado em estacionamentos. O termo se refere à “cozinha fantasma”, que é um estabelecimento de serviço de alimentação para delivery. Ou seja, são cozinhas de restaurantes instaladas em alguma região para ampliar a área de atendimento, focadas 100% em pedidos de entrega.

Adaptações tecnológicas e estruturais

Outra tendência a ser observada a médio e longo prazo é a transformação de garagens ou estacionamentos em “centros de mobilidade”. Com o transporte compartilhado moldando o futuro, a organização norte americana National Parking Association aponta que o armazenamento de veículos deverá integrar suportes específicos para bicicletas, estações de aluguel de bike e patinetes eletrônicos, espaços eficientes para veículos de passeio, além de operadores de transporte público deixarem e pegarem passageiros.

Ou seja, a otimização de vagas e a integração de meios para se locomover irão facilitar a vida das pessoas de forma logística. Segundo o estudo da NPA ‘The Future of Parking II’, “à medida em que o ecossistema de transporte evolui, o desenvolvimento imobiliário, a construção da estrutura de estacionamento, usos adaptativos e expansão de cidades inteligentes moldarão uma nova experiência e plano de transporte por décadas.”

mobilidade urbana futuro estacionamentos

Por enquanto, as medidas cabíveis para manter o estacionamento funcionando em sua principal função requerem um bocado de tecnologia para que sejam ambientalmente sustentáveis, reduzindo o tempo e estresse para encontrar vaga, diminuindo o consumo de combustível e as emissões de poluentes.

De acordo com análise do International Parking Institute, o mercado segue apontando para a prevalência de aplicativos que fornecem informações em tempo real sobre preços e disponibilidade; tecnologias que melhoram o controle de acesso e pagamento; e demanda por sistemas de orientação que ajude os motoristas a encontrar onde parar o carro com segurança.

O deslocamento também fica mais prático com a ajuda do cartão multimodal Alelo Mobilidade, ideal para pagamento de despesas automotivas e ainda permite ao colaborador escolher como quer se deslocar durante as atividades de trabalho, seja de transporte público, individual ou compartilhado.

Empresas também começam a pensar na emissão de tickets sem toque em botões, cobranças por meios eletrônicos e pistas automáticas, evitando contato com superfícies e pessoas. Entre as opções está a Veloe Tag, um adesivo colocado no para-brisa do veículo para pagamento automático, disponível para carros, frotas e caminhões. A conta é controlada via aplicativo ou site. A Veloe está nos principais estacionamentos e em todas as rodovias pedagiadas.

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