Salário curto e mês longo, custo de vida elevado e excesso de dívidas são questões de saúde financeira que podem sinalizar um relacionamento tóxico com o dinheiro. Esse desequilíbrio financeiro, ao virar rotina, pode afetar severamente nossa saúde mental e atrapalhar o cotidiano.
O vínculo entre desconforto monetário e estresse mental é exposto inclusive em pesquisas junto ao público. Dados de levantamento da fintech Onze, mostram que 74% dos brasileiros dizem que o dinheiro é sua maior fonte de preocupação, ultrapassando questões como: família, saúde e trabalho.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o desequilíbrio financeiro é um dos principais causadores de ansiedade e depressão, dois dos transtornos psíquicos que impactam significativamente a qualidade de vida.
Para mostrar claramente essa relação entre saúde financeira e saúde mental, e como evitar que esses problemas afetem nosso dia a dia e o convívio com as pessoas próximas, ouvimos os conselhos e orientações de dois experts: a psicóloga clínica e palestrante Larissa Fonseca, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, com foco em ansiedade, crise de pânico, burnout e sono, e o psicólogo clínico Julio Peres, doutor em Neurociências e Comportamento.
Vamos lá?
Como o desequilíbrio financeiro afeta a saúde mental?
Os impactos negativos dos problemas financeiros na saúde mental são muitos.
Ver a conta no banco vazia e os boletos que não param de chegar, conseguem desencadear uma série de emoções negativas, de vergonha, tensão e irritabilidade, a problemas de insônia, mudanças de humor, dificuldade de concentração e crises de ansiedade.
Ao se tornarem persistentes, essas emoções conseguem afetar profundamente o estado emocional do indivíduo, o que aumenta níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
O psicólogo Julio Peres, autor do livro “Razão & Prática: olhares terapêuticos sobre o significado e o uso das palavras”, cita a ansiedade antecipatória, o famoso “sofrer por antecipação”, como um quadro psicológico comum de pessoas com dificuldades financeiras.
“A ansiedade antecipatória é uma linha de futuro incerta, perigosa. E ela pode afetar o indivíduo e as pessoas com as quais ele tem responsabilidades”, conta.
E ele continua: “Por exemplo, se for um pai de família que precisa pagar a escola dos filhos, prover a saúde do lar, de um irmão dependente ou dos pais, as preocupações, o estresse e a ansiedade podem corromper aos poucos, ou mesmo abruptamente, a qualidade da existência”.
O sono, ou melhor, a falta dele, é um dos principais sintomas quando a saúde financeira começa a afetar a saúde mental.
Julio explica que as preocupações desequilibram o ciclo circadiano, ritmo biológico de aproximadamente 24 horas que regula uma série de processos fisiológicos e comportamentais nos seres vivos.
Outros movimentos que alertam para o excesso de preocupações com as finanças são:
- Agressividade;
- Tom de voz elevado;
- Intolerância;
- Impaciência;
- Isolamento;
- Silêncio;
- Falta de foco;
- Uso de substâncias (medicamentos não prescritos, álcool, cigarro e drogas);
- Compulsão por compras;
- Alimentação rica em açúcares e gorduras.
Do burnout ao TOC: doenças que surgem quando as finanças vão mal
A preocupação com a situação das finanças, do pagamento das contas e o próprio temor da perda do emprego, fazem surgir sensações de impotência, desespero, vergonha e culpa, além de uma visão negativa de si mesmo e o medo do futuro.
“A pessoa pode até se sentir menos valorizada devido à falta de dinheiro, alimentando sentimentos de inadequação”, argumenta Larissa.
Outra condição de saúde mental que aparece constantemente é o burnout. Esse estado de exaustão física, mental e emocional é causado por um estresse prolongado e intenso, muitas vezes ligado a condições de trabalho difíceis ou insatisfatórias, que por sua vez, podem ter como raiz os problemas financeiros.
Julio Peres, por sua vez, destaca os transtornos somatoformes, que incluem sintomas físicos como: dores, náuseas e tonturas que estão geralmente ligadas ao psicológico, sem uma condição médica conhecida.
“Antigamente eram chamadas de doenças psicossomáticas. Quer dizer, o indivíduo acaba passando para o corpo essas enfermidades dermatológicas, inflamações, coceiras, pruridos, hérnia epigástrica, desconfortos estomacais e tantas outras relacionadas a doenças autoimunes”, revela o psicólogo.
Alguns transtornos mais graves que podem ser desencadeados nessa relação entre saúde financeira e mental são:
- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): se desenvolve após o indivíduo ter sido exposto a um evento traumático;
- Transtorno de adaptação ou transtorno de ajustamento: ocorre quando o corpo precisa lidar com situações estressantes, levando a um desequilíbrio na mente e no corpo;
- Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): acontece quando a pessoa sente nervosismo e preocupação excessivos, de maneira comum, em sua rotina, por um período de ao menos seis meses;
- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): situação caracterizada por pensamentos obsessivos e recorrentes que geram ansiedade intensa e compulsões, significativamente na vida diária da pessoa afetada;
- Bulimia: distúrbio alimentar grave marcado pelo consumo excessivo e incontrolável de alimento, seguido de métodos para evitar o ganho de peso;
- Anorexia nervosa: outro distúrbio alimentar, caracterizado por uma preocupação excessiva com o peso, uma percepção distorcida da própria imagem corporal e uma restrição extrema da ingestão de alimentos.
De que maneira a saúde financeira afeta as relações sociais?
Os problemas de saúde mental causados pela falta de recursos financeiros podem ter impacto significativo nas relações sociais, na família, com os amigos, no relacionamento amoroso e no dia a dia com os colegas de trabalho.
Segundo a psicóloga Larissa Fonseca, cada relação é interferida de uma maneira. Veja:
- No âmbito amoroso, as dificuldades financeiras podem gerar conflitos e estresse devido à pressão para atender às necessidades básicas do relacionamento;
- Na dinâmica familiar, os conflitos podem surgir devido ao aumento das responsabilidades e pressões financeiras;
- Com os amigos, a falta de recursos podem levar ao isolamento social e à redução do apoio emocional;
- No ambiente de trabalho, os problemas mentais relacionados às finanças podem resultar em dificuldades de concentração, falta de foco, erros frequentes, baixa produtividade e motivação, além de conflitos interpessoais em decorrência do aumento da irritabilidade.
Quais estratégias para lidar com o estresse financeiro?
O psicólogo Julio Peres explica que uma estratégia eficaz entre as mais importantes para o manejo do estresse, seja de qual questão ele for decorrente, é a consciência da temporalidade, ou seja, entender que tudo tem uma hora para acabar, inclusive os problemas financeiros.
“Aquela dificuldade não vai durar para sempre. Ela envolve uma travessia e, portanto, você pode fazer essa travessia com a melhor qualidade possível. Lembrar que um dia depois do outro, ao gerar comportamentos saudáveis e eficazes a médio e longo prazo para a resolução das dificuldades, implica em saber que em algum tempo aquela dificuldade será sanada”, afirma Julio.
Cuidar da saúde do corpo também é outra saída para manter a cabeça no lugar em tempos financeiros complicados.
Larissa Fonseca cita práticas como: exercícios regulares, adequação do sono e alimentação saudável como um conjunto que fortalece a valorização de outros aspectos importantes na vida.
“Desenvolver habilidades de enfrentamento na terapia, meditação e técnicas de respiração ajudam a reduzir sintomas de ansiedade e preservar a saúde mental. Estabelecer limites claros em relação às expectativas financeiras e prioridades pessoais também é fundamental para promover um maior equilíbrio emocional”, esclarece a psicóloga.
Qual é o papel do apoio psicológico?
O apoio psicológico é primordial em muitos momentos da vida, e durante o período de dificuldade financeira não é diferente.
De acordo com Larissa Fonseca, o objetivo da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é reconhecer, desafiar pensamentos negativos sobre dinheiro e autoestima e avaliar possíveis gatilhos de insegurança, além de modificar comportamentos relacionados ao excesso de gastos como compulsão por compras.
Julio Peres também assegura que uma imersão nas próprias questões com a psicoterapia pode ajudar as pessoas a se organizarem melhor.
“Uma vez organizados, o indivíduo consegue um plano de conduta. E assim, num processo com começo, meio e fim, resolvem-se as dificuldades. Primeiramente, emocionais, psicológicas. E como decorrência, os problemas financeiros.”
Como se controlar financeiramente?
Os dois profissionais da psicologia são firmes em afirmar que todos esses cuidados precisam estar atrelados à retomada da saúde financeira.
Com alguns hábitos, é possível controlar o entra e sai do dinheiro e evitar as tão temidas dívidas, que tanto atrapalham para que as pessoas coloquem as finanças em dia e se planejem financeiramente para começar a investir nos próprios sonhos, seja um novo negócio, a casa própria, a educação dos filhos ou uma viagem especial.
O bom “relacionamento monetário” com práticas financeiras sólidas e até mesmo ortodoxas vem a partir de atitudes como:
- Evitar gastos supérfluos;
- Praticar o consumo consciente;
- Pensar duas vezes antes de gastar;
- Fazer uma pausa antes de comprar itens caros ou não planejados;
- Considerar o valor a longo prazo de uma compra em vez do prazer instantâneo;
- Limitar o uso de cartões de crédito e evitar o acúmulo de dívidas desnecessárias.
- Concentrar-se em pagar as dívidas o mais rápido possível e evitar agravar o endividamento;
- Comparar preço e procurar descontos;
- Fazer uma lista antes de ir ao supermercado e evitar compras impulsivas;
- Aprender a dizer não a convites para saídas caras e aquisições que vão atrapalhar seus objetivos financeiros.
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