Quantas vezes você já começou o dia com a sensação que a lista de tarefas é muito maior do que o tempo disponível para executá-las? Você já teve aquele desejo que o dia durasse pelo menos umas 30 horas? Você não está sozinha (o)!
Vivemos em uma correria constante, com a pergunta engasgada na garganta: “Será que vai dar tempo?”. Pois essa resposta também tem a ver com uma questão cultural, sabia?
No Brasil, é quase um hábito ficar até mais tarde no trabalho. Com o trabalho remoto, então, a sensação é que a gente nunca para de trabalhar. Enquanto isso, nos países europeus a hora de ir embora é sagrada e sem crise.
O equilíbrio entre vida pessoal e vida corporativa é levado a sério. Em Portugal, por exemplo, o governo proibiu que empregadores mandem mensagens aos funcionários fora do horário de trabalho. Já pensou como seria aqui no Brasil?
Além da questão cultural, alguns conceitos parecem estar invertidos quando o assunto é produtividade. Por que consideramos aquele colega que é rei das horas extras o mais produtivo? Na verdade, o conceito é inverso, não é mesmo?
Quando precisamos de mais tempo para entregar o que nos foi demandado, quer dizer que somos poucos produtivos naquela janela de tempo — e ficar até mais tarde no trabalho acaba atestando isso.
Em muitas empresas essa já é uma questão levada a sério. Muitas criaram as ‘regras de ouro’ para ajudar no controle de tempo dos colaboradores. Há ações como vetar reuniões entre 12h e 13h30 e após as 18h e reuniões em horas cheias. Ou seja, é preciso fazer uma pausa de 10 minutos entre uma reunião e outro compromisso. Muitas empresas também adotaram o expediente mais curto nas sexta-feiras.
Segundo a psicóloga corporativa, Tatiana Lucena, essas ações implicam diretamente na saúde mental e devem ser incentivadas. “Recomendamos momentos de desconexão dos funcionários. Sempre indicamos pausas e atividades que possam ser feitas ao ar livre para ajudar na descompressão. As pausas são essenciais para a produtividade“, diz.
Alguns insights que podem ajudar nesse processo de equilíbrio do tempo.
– Que tal pensar em reuniões mais curtas? Segundo artigo da Fast Company Brasil, os executivos gastam em média 23 horas por semana em reuniões agendadas e 71% dos gerentes acham que as reuniões são ineficientes.
– Vale a pena pagar hora extra? Todo mês, os brasileiros trabalham, em média, 18 horas extras, segundo uma pesquisa realizada pela empresa de seguros Maxis GBN em vários países do mundo.
– Qual a verdadeira medida de sucesso? De acordo com o escritor britânico, autor do best-seller Essencialismo, Greg McKeown, glorificar o esgotamento físico e mental não é medida de sucesso. Segundo ele, o caminho mais fácil e sem esforço pode trazer melhores frutos.
– Em busca da perfeição por meio do excesso de tarefas, as pessoas comprometem a saúde mental. Em 2020, o Brasil registrou recorde de concessão de auxílio-doença previdenciário devido a transtornos mentais e comportamentais. Foram 285.221 licenças, um aumento de 33,8% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Economia. O motivo foi a terceira maior causa de afastamento no ranking que considera dados de 2017 a 2020.
“A pergunta não deve ser se vai dar tempo de fazer tudo e sim quanto tempo vou levar para cumprir minhas metas sem prejudicar minha saúde mental. É possível fazer essa jornada ter equilibrio“, finaliza a psicóloga.