Segundo pesquisa feita pelo Ibope, de um universo de 2.000 entrevistados, poucas famílias (22%) tiveram acesso à educação financeira quando criança, mas a maioria delas (77%), hoje, compartilha com os filhos situações de dificuldade financeira, explicando por que será preciso economizar.

“A falta de paciência e o constante desejo por coisas novas são indícios de que crianças e jovens podem estar se tornando consumistas e devem ser educados financeiramente. O ideal é que aprendam, o quanto antes, a poupar para conquistar seus sonhos”, orienta Reinaldo Domingos, especialista em educação financeira e autor do livro “Mesada não é só dinheiro”.

Segundo a especialista em bem-estar financeiro, Rebeca Toyama, os pais devem servir de modelo, já que as crianças estão sempre observando seu comportamento. Por isso, é muito importante que os filhos participem do orçamento doméstico para começar a entender a dinâmica do fluxo de caixa.

Pensando nisso, separamos algumas dicas para ensinar educação financeira em casa. Vem com a gente!

Use pequenas compras para ensinar o valor dos produtos

Para que entendam o valor dos produtos, vale aproveitar pequenas compras do dia a dia, como o pãozinho do café da manhã ou um brinquedo bem simples, por exemplo. Fale o quanto custam e explique conceitos como “ caro” ou “barato”.

Notas de R$10 podem ser usadas para explicar o que é possível comprar com esse dinheiro, fazendo com que a criança, aos poucos, compreenda o valor de cada coisa.

Explique de onde vem o dinheiro

“Acha que o dinheiro nasce em árvore!?” Quem nunca?

Pode parecer óbvio que é preciso trabalhar para se ter dinheiro, mas é preciso ensinar as crianças que o dinheiro da casa não é infinito – ou seja, ele pode acabar se não houver um controle dos gastos.

É importante esclarecer que os adultos são remunerados pelo seu trabalho e é a partir desses recursos que conseguem comprar alimentos e outras necessidades da casa.

Com este intuito, experimente levar seus filhos ao trabalho, mostre sua rotina, apresente seu chefe e colegas. E se você tem um estabelecimento comercial, mostre o que você produz e o que vende. Explique sua relação com os clientes.

E lembre-se de passar uma imagem positiva! Pois é por meio destas experiências que a criança formará suas primeiras impressões sobre o trabalho.

Mostre que para lidar com dinheiro, é preciso ter paciência


O supermercado é uma ótima oportunidade para explicar aos pequenos que não podemos levar tudo que queremos das gôndolas e, sim, aquilo que definimos como prioridade, aprendendo assim a lidar com a frustração e a espera.

“Dessa forma, as crianças e os jovens habituam-se a entender que acordos não significam negação, mas sim negociação. Eles perceberão que é possível ter, porém, nem sempre no momento que se quer”, relata Domingos. Ele acrescenta que essa prática também ajuda os próprios pais a se reeducarem financeiramente, deixando de usar o dinheiro como uma válvula de escape para suprir lacunas em outros aspectos da vida.

Defina uma valor de mesada


De acordo com as possibilidades de cada família, é interessante determinar uma pequena quantia mensal para que a criança aprenda a usar seu próprio dinheiro. Para os mais novos, o dinheiro pode ser de mentirinha, e à medida que crescem e são alfabetizados, pode-se passar a usar dinheiro de verdade. Quem sabe até uma conta bancária real ou um cartão pré-pago, por exemplo.

A orientação dos especialistas é que o valor seja dividido entre gastos e poupança. “Vale mostrar para a criança que parte daquele valor é para prazer imediato, mas uma outra parte será guardada para algo que essa criança queira e que custe mais do que ela recebe por mês ou por ano”, sugere Rebeca Toyoma.

Bora voltar a usar os cofrinhos!

Estimule os sonhos

Traçar planos para comprar algo muito desejado é também uma maneira de aprender a pensar em sonhos de curto, médio e longo prazo, e investigar quanto eles custam. Para o que está acima do orçamento, entra em cena o conceito da poupança, do trabalho e da economia. Olá, cofrinho. 🙂

Rebeca Toyama diz que essa é uma forma de ensinar que guardar dinheiro é questão de planejamento. “Quanto mais velha a criança, podemos ensinar coisas de longo prazo: ‘vamos guardar esse dinheiro para sua faculdade, primeiro carro ou apartamento’, por exemplo. Assim, a criança aprende que o dinheiro traz prazer imediato, mas também traz resultados a médio e longo prazo”, explica a especialista.

Atenção à publicidade infantil

Presente nos desenhos, filmes, jogos e outros conteúdos voltados para crianças, a publicidade infantil tem forte apelo e tende a incentivar o consumo imediato. Cabe aos pais conscientizar os filhos dos interesses de venda por trás dos anúncios, ajudando os pequenos a construir senso crítico em relação ao assunto.

Com uma linguagem acessível a cada faixa etária, os pais podem dizer, por exemplo, que a empresa que faz aquele brinquedo visto na propaganda da TV caprichou nas imagens para atrair as crianças, mas nem sempre o brinquedo é aquilo tudo que parece.

Os aplicativos e sites voltados ao público infantil podem ser configurados para não exibir publicidade durante a programação. E vale sempre estar de olho no que a criançada está assistindo para selecionar o que realmente vale a pena.

Dê o exemplo

De nada adianta ensinar os filhos a economizar e fazer escolhas, se os pais não praticam esse ensinamento e saem gastando tudo o que têm – e o que não têm também.

“É fundamental ter muito cuidado com o exemplo que os familiares passam, e desde cedo demonstrar que a felicidade não está associada ao consumismo desenfreado e sim na atitude de atingir seus objetivos”, afirma Domingos.

Procure saber se a escola aborda educação financeira no currículo

A educação financeira está prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – documento normativo que define aprendizagens essenciais para a educação básica – e deve ser trabalhada de forma transversal em áreas como matemática, linguagens e ciências humanas.

“É de extrema importância tratar da educação financeira no contexto escolar, tendo em vista os impactos na vida individual e coletiva causados pelo modo como as pessoas lidam com o consumo e com os recursos financeiros”, comenta Rebeca.

Compartilhe os gastos da casa

Por fim, as crianças também devem ser incluídas nas conversas sobre o consumo consciente de energia e água em casa. Especialistas sugerem até planejar metas de redução desses gastos. O que for economizado pode ser revertido em algo divertido para a família, como um passeio ou viagem de fim de semana.

Ao envolver os filhos no assunto, eles se sentem valorizados como indivíduos e tendem a assumir maior compromisso em relação à economia dos gastos.

O cofrinho de hoje é a conta bancária de amanhã, e quanto antes as crianças entenderem a dar valor para as coisas certas, cuidar dos seus recursos e, principalmente, planejar e trabalhar para conquistar seus sonhos, melhor para elas e para a sociedade toda.

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