No segundo dia do CONARH 2025, os especialistas Tatiana Pimenta (CEO da Vittude), Débora Ferraz (Braskem) e Christian Cetera (Hospital Sírio-Libanês) comandaram o aguardado e importante painel “Saúde mental nas empresas: da intenção à ação”. 

Com o crescimento dos afastamentos por ansiedade e estresse, e a busca dos profissionais por mais equilíbrio entre carreira e vida pessoal, a saúde mental corporativa deixou de ser opcional e se tornou uma necessidade para as empresas brasileiras. 

Como nos lembrou Tatiana Pimenta no painel, o Brasil é considerado pela OMS o país mais ansioso do mundo. Além disso, os afastamentos por transtornos mentais já chegam a quase meio milhão de pessoas, um aumento de 70% em relação a 2023. 

Mas como transformar o ambiente corporativo para evitar esse cenário? Como passar a priorizar a saúde mental dos colaboradores na prática?

Foi exatamente esse o ponto central da discussão, que aconteceu nesta quarta, 20 de agosto. Durante o painel, os especialistas buscaram trazer dados e experiências práticas para responder à questão e sugerir maneiras para as organizações conseguirem avançar na questão. 

De acordo com Christian, profissional com 30 anos de experiência em gestão de pessoas: “As pessoas, na sua integralidade, buscam soluções para a saúde mental. O RH precisa assumir seu papel na preservação do capital humano. Vamos perder recursos por não ter soluções completas em saúde mental.”

Por que a saúde mental corporativa é urgente?

Além dos dados alarmantes, o tema ganhou ainda mais atenção devido à atualização da NR-1 (preparamos, inclusive, um e-book sobre a NR-1, que você pode acessar gratuitamente aqui), que entra em vigor em 2026 e vai avaliar e fiscalizar riscos psicossociais nas empresas. 

Débora Ferraz lembrou que, desde a pandemia, o tabu em torno da ansiedade e do medo diminuiu no ambiente corporativo, mas ainda existe um longo caminho: “Ansiedade, medo e insegurança eram sinais de fraqueza até ontem. Temos avanços, mas estamos longe do ideal. Ainda temos um longo caminho a percorrer.” Segundo a especialista, as lideranças não enxergam o ser humano integralmente, ainda olham apenas para performance.

Tatiana Pimenta (CEO da Vittude), Débora Ferraz (Braskem) e Christian Cetera (Hospital Sírio-Libanês)
Christian Cetera (Hospital Sírio-Libanês), Tatiana Pimenta (CEO da Vittude) e Débora Ferraz (Braskem)

O papel da liderança na saúde mental no trabalho

Todos os palestrantes convergiram em um ponto: a liderança é peça-chave para promover bem-estar nas empresas. Para exemplificar, Débora destacou iniciativas como reuniões com diretores industriais para discutir casos reais de ansiedade de forma anônima.

Já Tatiana defendeu a criação de “embaixadores de saúde mental”, treinados para identificar sinais e estimular o diagnóstico precoce. “Às vezes, a pessoa não fala com o líder, mas fala para um colega com esse papel que precisa de ajuda. É difícil reconhecer um sinal, então é importante quando a pessoa fala”, disse a especialista. 

Christian reforçou a importância da escuta ativa na gestão de pessoas, que traz mais sensibilidade e gera aprendizado para os líderes: “Instalar essa prática trouxe casos, que são discutidos de forma anônima, e esses casos trazem letramento e sensibilidade para a liderança”, afirmou. 

Como falar de saúde mental na linguagem dos negócios?

Um dos maiores desafios para o setor de Recursos Humanos é traduzir a saúde mental em resultados mensuráveis. Mas esse é um ponto-chave para reduzir custos com afastamentos e fortalecer a cultura organizacional.

Nesse sentido, Débora destacou que, quando o tema é associado a performance sustentável e redução de custos, a liderança engaja. “Se você falar em bem-estar, não vai para frente; mas se falar em performance sustentável e redução de custos, eles abraçam”, pontuou. 

Ainda, Tatiana lembrou que CEOs tomam decisões baseadas em números: “Você só consegue provar que faz sentido quando consegue medir.”

Ações práticas para empresas que não querem ficar para trás

Antes de finalizar, o painel trouxe recomendações para empresas que querem implementar ações de saúde mental corporativa. Dentre elas, estão:

  • Começar pequeno e expandir conforme os resultados;
  • Mapear riscos psicossociais, como exigirá a NR-1 em 2026;
  • Mostrar ROI (retorno sobre investimento) para justificar investimentos;
  • Adaptar a linguagem à cultura da empresa;
  • Criar redes de networking entre profissionais de RH para compartilhar práticas.

Nessa discussão, Christian afirmou: “Conecte-se com outros profissionais de RH para entender o que estão fazendo. Eu tenho as portas abertas a qualquer colega que queira aprender.”.

Ainda, o profissional aconselhou: “Com a atualização da NR-1, as empresas têm que mapear os riscos psicossociais e informar. Então, comece mapeando, entendendo como está a saúde mental das pessoas, os riscos e a partir daí vai implementar nas questões mais críticas. Às vezes não precisa fazer para 100% da população da empresa, faz nas áreas mais críticas, vê o ROI e depois amplia.”

Por fim, Christian ainda deixou um alerta: “É preciso entender que [esse assunto da saúde mental] não é moda.”

Afinal, como vimos com os especialistas durante a discussão no painel do CONARH 2025, a saúde mental nas empresas é hoje um fator decisivo para o desempenho sustentável e para a retenção de talentos

Transformar intenção em ação é o próximo passo, e começa pelo engajamento da liderança, pela mensuração de resultados e pelo compromisso real com o bem-estar dos colaboradores.

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