Já falamos aqui e em outros posts sobre como é extremamente valioso ter pessoas de diferentes vivências e históricos profissionais dividindo o mesmo ambiente de trabalho. Mas, infelizmente, quando se trata de diferentes gerações dividindo a mesma baia (ou a reunião online) o etarismo ainda é um desafio a ser superado.
Como então promover um ambiente de respeito no convívio diário para que todos se beneficiem da diversidade?
Vem com a gente!
Etarismo é o termo utilizado para descrever a discriminação ou preconceito que ocorre em função da idade, um fenômeno que atinge pessoas idosas e que se manifesta por meio da forma que a sociedade pensa sobre indivíduos com idade avançada e sobre a velhice em geral.
A palavra etarismo se origina do inglês “ageism”, e foi criada e difundida no fim da década de 1960 pelo gerontologista, psiquiatra e escritor estadunidense Robert Neil Butler, responsável por colocar em funcionamento o primeiro departamento de Geriatria nos Estados Unidos.
Essa discriminação é baseada em estereótipos, uma vez que, nesse cenário, as pessoas enquanto envelhecem são analisadas por indivíduos mais novos pelo viés de incapacidade.
É entendido por gerações mais jovens que indivíduos mais velhos não conseguem se habituar ao mundo moderno, se atrapalham com a utilização de ferramentas tecnológicas mais avançadas, como TVs e smartphones, não assimilam novas ideias e têm sérias restrições em adquirir novas habilidades.
De acordo com um relatório global divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada duas pessoas no mundo já apresentou ações discriminatórias que pioram a saúde física e mental dos idosos.
No Brasil, não é diferente. Na verdade, os dados apontam que o etarismo é observado por indivíduos com menos de 60 anos, ou seja, que ainda não chegaram à chamada terceira idade.
A discriminação por estar envelhecendo foi relatada por 16,8% das pessoas na faixa dos 50 anos.
O etarismo pode ser manifestado de maneira velada e inconsciente, com comentários desagradáveis que passam por “brincadeirinhas”, atingindo até mesmo pessoas entre 30 e 40 anos, que estão longe de serem idosos, mas que também não são mais jovens.
Mas ele é visto mesmo de maneira mais agressiva com indivíduos mais experientes.
Isso pode ser visto com ações que restringem a autonomia e independência monetária do idoso, além de deixá-lo excluído do processo de tomada de decisões no ambiente familiar, menosprezar as suas necessidades e desconsiderar suas habilidades.
A não aceitação, desprezo, falta de respeito, agressões e humilhações, simplesmente pelo fato de terem envelhecido, afetam de modo intenso a saúde dos idosos.
Apesar de ser uma doença associada aos mais jovens, a depressão, por exemplo, tem maior incidência entre os idosos entre 60 e 64 anos.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Instituto Brasileiro de Geografias e Estatísticas (IBGE), essa é a faixa etária mais afetada, com 13,2% diagnosticados com depressão.
Outras consequências atreladas ao etarismo são:
Uma pesquisa da empresa Ernst & Young em parceria com a agência Maturi, realizada em quase 200 empresas no Brasil, demonstra a dificuldade da inserção de pessoas com mais de 50 anos no mercado de trabalho.
O estudo revela que a maioria das companhias pesquisadas têm de 6% a 10% de pessoas com mais de 50 anos em seu quadro de funcionários e, além disso, 78% das empresas consideram-se etaristas e veem barreiras para contratação de trabalhadores nessa faixa de idade.
Esse tipo de discriminação se manifesta no contexto corporativo não apenas quando uma pessoa mais velha não é contratada ou nem ao menos selecionada para uma entrevista de emprego, mas também quando profissionais mais experientes são preteridos em favor de colegas mais jovens, apenas por causa da idade.
Essa exclusão da força de trabalho de pessoas mais vividas pode causar algumas questões negativas no ambiente profissional como um todo:
A população brasileira está em fase de envelhecimento. O Censo 2022 aponta que o total de pessoas com 65 anos ou mais no país (22.169.101) chegou 10,9% da população, com alta de 57,4% no comparativo a 2010, quando esse contingente era de 7,4%.
Nesse ritmo, é esperado que em 2030 o número de idosos ultrapasse o total de crianças entre 0 e 14 anos.
Por esses e vários outros motivos, as organizações precisam tomar medidas para afastar o etarismo do ambiente de trabalho. Alguns modos para colocar essa questão na cultura organizacional são:
Garanta que as políticas de recursos humanos atendam todos os funcionários de maneira justa e equitativa, independentemente da idade, inclusive nos processos de recrutamento, promoção, desenvolvimento profissional e avaliação de desempenho.
Assegure a diversidade etária no ambiente de trabalho. O recrutamento às cegas é uma maneira de fazer isso, pois nesse modelo de seleção não é possível verificar as características como idade e sexo dos candidatos.
Desta maneira, evita-se que ocorra o preconceito, mesmo que não seja intencional, olhando apenas para as habilidades e competências do aspirante ao cargo.
Estereótipos relacionados à idade precisam ser anulados por meio de comunicação e práticas que demonstrem o valor de todas as gerações no local de trabalho.
Um bom modo de fazer isso é colocar essa questão por meio da promoção de histórias de sucesso de funcionários de todas as idades e a celebração das conquistas de equipes multigeracionais.
Não ignore situações de discriminação ou preconceito relacionadas à idade e intervenha imediatamente quando isso acontecer, de forma justa e imparcial.
Os grupos de Afinidade ou Comissões são ótimas alternativas para promover a integração para solução de problemas, inovações, desenvolvimento pessoal, demonstração de habilidade de liderança, além da possibilidade de discutir demandas em comum.
Na Alelo, foi criado o Grupo de Afinidades de Gerações, que busca a inclusão de pessoas 50+.
Gerente de Experiência do Cliente, na Veloe, e integrante do Grupo Gerações, Claudete Cordeiro, explica que o propósito definido é buscar a valorização da convivência entre diferentes gerações, em que o respeito e a abertura sejam os pilares para uma cultura de aceitação, aprendizado e evolução, enaltecendo a singularidade e história de cada indivíduo.
Claudete complementa: “A exemplo dos demais grupos de diversidade e inclusão, pretendemos trazer temas e eventos que nos apoiem nesta construção”.
Além do Gerações, são mais cinco grupos de afinidade:
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