De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), a Síndrome de Burnout tem se tornado um desafio crescente para empresas e profissionais de diversas áreas, causando impactos negativos tanto para os colaboradores quanto para as organizações. 

Uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA-BR) revelou que 32% dos trabalhadores brasileiros sofrem de Burnout

Além disso, um levantamento de fevereiro de 2023 realizado pelo centro de pesquisas Future Form mostrou que 42% dos profissionais relataram sentir sintomas desse esgotamento conectado essencialmente à atuação profissional.

Diante desse cenário, é fundamental que as empresas adotem estratégias eficazes para diminuir esse problema e promover o bem-estar de suas equipes. 

Bora entender como?

O que é Burnout?

A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é caracterizada pela exaustão física e emocional relacionada ao trabalho.

Entre os principais sintomas desse problema estão:

  • Alteração dos batimentos cardíacos;
  • Exaustão extrema;
  • Cinismo ou distanciamento do trabalho;
  • Dores de cabeça e musculares frequentes;
  • Fadiga;
  • Queda na produtividade;
  • Irritabilidade;
  • Isolamento;
  • Pressão alta;
  • Problemas de sono;
  • Problemas gastrointestinais;
  • Sensação de desânimo e negatividade;
  • Sentimentos negativos relacionados ao trabalho e à autoestima profissional;
  • Dificuldade de concentração.

Por que ele acontece?

O Burnout é um fenômeno multifatorial, ou seja, ele é desencadeado por uma série de fatores relacionados tanto ao ambiente de trabalho quanto a características individuais.

Entre as principais razões para o desenvolvimento dessa síndrome estão:

  • Estresse crônico e prolongado no trabalho;
  • Longas jornadas e sobrecarga de tarefas;
  • Falta de autonomia e controle sobre as próprias atividades;
  • Superiores microgerenciadores;
  • Desequilíbrio entre esforço e recompensa;
  • Ambiente de trabalho tóxico ou com relacionamentos disfuncionais;
  • Falta de clareza nas expectativas e funções;
  • Conflito entre vida pessoal e profissional;
  • Excesso de competitividade entre os pares ou outras equipes.

Quais são os primeiros sinais de Burnout?

Identificar precocemente casos de Burnout na equipe auxiliam no processo de intervenção e tratamento necessários.

Principalmente quando o problema está no início e ainda não afetou os demais membros da equipe ou os resultados da empresa.

Por isso, é importante que gestores e profissionais de RH estejam atentos aos sinais que podem sugerir o adoecimento do profissional.

Situações que podem ser um indicativo dessa síndrome organizacional incluem:

  • Queixas sobre sensação de cansaço e esgotamento físico e mental, mesmo após períodos de descanso, como o final de semana;
  • Irritabilidade e dificuldade de convivência com a equipe;
  • Dificuldade de concentração e queda brusca na produtividade;
  • Queixas sobre não conseguir dormir ou se desligar do trabalho;
  • Distanciamento repentino das funções ou dos pares;
  • Ansiedade elevada.

É importante ressaltar que o Burnout se desenvolve ao longo do tempo, passando por diferentes estágios. 

Nos estágios iniciais, a pessoa ainda pode manter certo nível de produtividade, mas à medida que a síndrome progride, os sintomas se intensificam e começam a afetar significativamente o desempenho profissional e a qualidade de vida.

Reconhecer esses sinais precocemente é também é fundamental para implementar ações e políticas internas voltadas à prevenção e mitigação do problema em uma escala maior.

Burnout na empresa

Ações para prevenir e combater o Burnout na empresa

1. Promova o equilíbrio entre vida pessoal e profissional

Incentive os colaboradores a estabelecerem limites claros entre trabalho e vida pessoal. Isso pode incluir:

2. Ofereça flexibilidade

Permita que os funcionários tenham mais autonomia sobre sua rotina de trabalho, quando possível. Algumas opções são:

3. Invista em programas de bem-estar

Desenvolva iniciativas que promovam a saúde física e mental dos colaboradores, como:

4. Melhore a comunicação interna

Crie canais abertos e seguros para que os funcionários possam expressar suas preocupações e sugestões, sem que eles sejam punidos, expostos ou prejudicados por seus feedbacks.

Isso ajuda a identificar problemas antes que se agravem e a interferir para chegar a uma solução adequada.

5. Capacite as lideranças

Ofereça treinamentos para que os gestores saibam identificar sinais de Burnout e lidar com essas situações de forma adequada.

Além disso, é indispensável que os líderes dominem algumas habilidades essenciais para essas posições, como:

  • Comunicação empática;
  • Capacidade de resolução de conflitos; 
  • Escuta ativa; 
  • Inteligência emocional.

6. Revise a distribuição de tarefas

Analise periodicamente a carga de trabalho das equipes, assegurando uma distribuição equilibrada e evitando sobrecargas.

Além disso, garanta que a descrição de todos os cargos e funções esteja atualizada e adequada para a senioridade de cada profissional.

7. Promova um ambiente de trabalho positivo

Cultive uma cultura organizacional que valorize o respeito, a colaboração e o reconhecimento do trabalho bem-feito.

Equipes que conseguem trabalhar em cooperação e harmonia impactam positivamente no clima e na experiência individual dos profissionais.

8. Ofereça oportunidades de desenvolvimento

Proporcione treinamentos, mentoria e planos de carreira claros, permitindo que os colaboradores visualizem seu crescimento na empresa.

Esse tipo de suporte reforça o sentimento de valorização e pertencimento, impactando positivamente a motivação e a segurança dos profissionais em relação ao trabalho. 

Com essas oportunidades, os colaboradores se sentem incentivados a se desenvolver e a contribuir com o sucesso da organização de forma mais engajada e dedicada.

9. Implemente pausas regulares

Incentive pequenas pausas ao longo do dia para que os funcionários possam se desconectar brevemente e recarregar as energias.

Algumas alternativas para isso são:

  • Pausas para um café;
  • Espaços zen;
  • Locais apropriados para descanso;
  • Áreas arborizadas com bancos e redes.

10. Monitore indicadores de bem-estar

Realize pesquisas de clima organizacional e acompanhe métricas-chave para identificar possíveis problemas relacionados ao Burnout. Como:

Pesquisas de clima organizacional

  • Realize pesquisas regulares (trimestrais ou semestrais) para avaliar o nível de satisfação e engajamento dos colaboradores.
  • Inclua perguntas específicas sobre estresse, carga de trabalho e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
  • Utilize escalas padronizadas, como a Escala de Burnout de Maslach, para medir níveis de exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal.
  • Analise tendências ao longo do tempo para identificar áreas de melhoria ou deterioração.

Métricas-chave

Absenteísmo:

  • Monitore a frequência e duração das ausências não programadas.
  • Calcule a taxa de absenteísmo.
  • Identifique padrões, como aumento de faltas em determinados departamentos ou períodos.

Turnover:

  • Acompanhe a taxa de rotatividade de pessoal, especialmente saídas voluntárias.
  • Calcule a taxa de turnover: (Número de funcionários que deixaram a empresa / Número total de funcionários) x 100.
  • Realize entrevistas de desligamento para entender as razões das saídas.

Indicadores adicionais

  • Produtividade: monitore flutuações na produtividade individual e das equipes.
  • Utilização de benefícios de saúde: acompanhe o uso de planos de saúde, especialmente relacionados à saúde mental.
  • Horas extras: verifique o número de horas extras trabalhadas, que pode indicar sobrecarga.
  • Engajamento em programas de bem-estar: avalie a participação em iniciativas como ginástica laboral ou programas de mindfulness.

Análise e ação

  • Estabeleça um painel de controle (dashboard) para visualizar todos esses indicadores de forma integrada.
  • Defina limites ou gatilhos que, quando atingidos, sinalizem a necessidade de intervenção.
  • Realize reuniões regulares com lideranças para discutir os indicadores e planejar ações preventivas ou corretivas.
  • Implemente programas de suporte direcionados com base nos dados coletados, como treinamentos em gestão de estresse ou ajustes na distribuição de tarefas.

Ao monitorar sistematicamente esses indicadores, o RH pode, além de identificar precocemente sinais de Burnout ou que podem desencadeá-lo, implementar medidas proativas para melhorar o bem-estar dos colaboradores, reduzindo os riscos associados ao esgotamento profissional.

É importante lembrar que cada organização tem suas particularidades; por isso, é fundamental adaptar essas estratégias à realidade e cultura de cada empresa. 

Além disso, o comprometimento da liderança e a participação ativa dos colaboradores são essenciais para o sucesso dessas iniciativas.

Investir no bem-estar dos funcionários é uma questão de responsabilidade social, e uma estratégia inteligente para garantir a sustentabilidade financeira e operacional e o sucesso do negócio a longo prazo.

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